Há quase 70 anos, a legislação trabalhista brasileira determinou oficialmente a realização anual de uma semana dedicada à discussão e à realização de atividades relacionadas a segurança no trabalho. Atualmente, a SIPAT, a Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho, é regulada pela NR5, Norma Regulamentadora da Portaria 3.214, de 1978.
Essa obrigatoriedade não é um exagero do Ministério do Trabalho. Tampouco se tornou ultrapassada desde então. O Brasil ocupava, em 2019, a quarta posição no ranking internacional de acidentes do trabalho, com registro de mais de 717 mil ocorrências por ano, segundo o Observatório Digital de Segurança e Saúde do Trabalho.
Assim, a organização da SIPAT normalmente acontece nas mãos do departamento de Recursos Humanos e a partir da Comissão Interna para a Previsão de Acidentes, que envolve colaboradores de diferentes setores.
Mais do que cumprir protocolo, as SIPATs tem o compromisso de contribuir para a redução deste número. Além de incentivar práticas de qualidade de vida e bem-estar dos trabalhadores.
Embora seja obrigatória apenas para empresas com mais de 20 funcionários e pareça fazer mais sentido em alguns contextos e áreas de atuação do que outras, uma semana toda dedicada a debater possíveis melhorias nestes aspectos citados acima traz benefícios para qualquer companhia.
Assim, é importante que as empresas busquem adaptar sua programação para o contexto em que está inserida, sua área de atuação, as necessidades e demandas dos próprios colaboradores, construindo as atividades coletivamente.
O que é SIPAT além da prevenção de acidentes?
Interação, colaboração e familiaridade também são formas de prevenir a ocorrência de acidentes e melhorar o clima da companhia, construindo uma cultura organizacional de cuidado. E o que isso agrega para a empresa é mais confiança, maior senso de pertencimento e maior retenção de talentos.
Estes sentimentos importam também porque afetam diretamente a performance. Em um levantamento sobre produtividade entre seus colaboradores, a Google percebeu que a segurança psicológica dos funcionários sobre a empresa e seus gestores era a variável mais importante.
Essa sensação de segurança faz com que os indivíduos tenham mais chances de se colocarem em situações de vulnerabilidade emocional em frente aos colegas. Também faz com que se sintam mais estimulados a propor novas ideias.
Além disso, a SIPAT funciona como um botão de pausa na rotina corporativa. Embora, em algumas situações, isso possa ser um fator gerador de ansiedade, as próprias atividades da programação podem equilibrar essa tensão e diminuir os níveis de estresse.
Atividades relacionadas ao bem-estar, como aulas de yoga, desenvolvimento de respiração, atividade física contribuem diretamente com a saúde ocupacional e influenciam fatores de comportamento, como a busca por equilíbrio, diminuição dos níveis de ansiedade, depressão e melhora da concentração.
Durante a SIPAT, algumas empresas também proporcionam oportunidade para que os funcionários conheçam novos hobbies e novas formas de lazer, bem como discutam aspectos de comportamento como o uso excessivo do celular, a qualidade do sono e o autoconhecimento.
Todas essas questões podem inclusive ser desenvolvidas quando a SIPAT precisa acontecer de maneira digital, como provavelmente deve acontecer neste ano em grande parte das companhias, por conta das recomendações de isolamento social.
Assim, a programação não precisa perder em qualidade – pelo contrário – nesse modelo. Em 2021, uma recomendação inclusive é que as SIPATs incluam em sua lista de ações algumas ativações relacionadas à COVID, com protocolos e oficinas sobre higiene, autocuidado e segurança do próximo em tempos de pandemia.
